domingo, 27 de outubro de 2013

Encontro com a TCB Band em São Paulo


TCB Band em São Paulo 2013.
Por volta dos anos 90 a mãe de um grande amigo compraria um vídeo cassete, na mesma época que uma tia minha compraria um vídeo cassete. E estava em qualquer esquina as vídeo locadoras. Se você, jovem, que tem por volta de 18 anos, talvez até se lembre. Video locadoras alugavam (uia) fitas de vídeos com shows, filmes, desenhos, enfim, muitos e muitos títulos. E um desses me chamaria atenção Elvis É Assim ou Elvis That´s The Way It Is. No começo pensei: será filme, documentário? Bom, isso eu comento num próximo post em breve. Mas só citei o filme porque foi lá que eu realmente conheci o que podemos chamar de TCB Sound. James Burton na guitarra, Ronnie Tutt na bateria, John Wilkinson na guitarra, Jerry Scheff no baixo e Glen Hardin no piano e Charlie Hodge no violão e harmonias. Na condução o maestro Joe Guercio. Até o começo da década de 90 eu só conhecia o som de Elvis através dos discos. Agora eu conheceria pelos vídeos. E que banda maravilhosa senhoras e senhores, capaz de mesclar entre o mais puro rock n roll em canções como “Johnny B Good”, “Patch it Up”, e baladas intensificando bem a dinâmica em canções como “Just Pretend”, “You´ve Lost That Loving Feeling” ou “Words”. O som da TCB Band é único. Nunca me esqueço que ao comprar o disco “On Stage – February, 1970” o vendedor da loja de disco me colocou o solo da “Runaway” e disse: Só o solo do James Burton nessa música já paga o disco. Nos apoios vocais Elvis trabalhava com dois quartetos: as Sweet Inspirations e o Stamps Quartet.
Para os shows do In Concert do ano de 2012 e 2013 não vieram exatamente todos os membros que acompanharam Elvis nos palcos na década de 70. No lugar do Jerry Scheff veio o Norbert Putnam, baixista que acompanhou Elvis mais nos estúdios. Charlie Hodge e John Wilkinson já são falecidos. Do Stamps estiveram por aqui Bill Baize e Eddie Hill. Das Sweet Inspirations estiveram Estelle Brown, única do grupo original,  Portia Griffin, Estelle Brown e Kelly Jones.
Como já estou ficando meio supersticioso, sempre que levo algo para autografar não consigo nem chegar perto. Enfim, pintou uma oportunidade de talvez, quem sabe conhecer a TCB Band no hotel no último domingo dia 27 de outubro. Lá fui eu munido apenas de câmera digital, RG e dinheiro pra condução. 






É meio difícil descrever a emoção de conhecer os caras da banda que eu ouço pelo menos há uns vinte anos, músicos que conviveram com Elvis. Mais difícil ainda explicar como eles são simpáticos, receptivos, Norbert e James apontaram para minha camiseta e disseram: Oh, Great! Glen Hardin, não sei como mas acho que consegui falar o que queria, meio tropeçando nas palavras, pois meu inglês é péssimo, mas disse algo como: I meet the TCB and Elvis sound on the movie “That´s The Way it Is” and Record “On Stage”. Queria perguntar muito mais coisas, mas minha limitação com o idioma me impediu, também, a meia dúzia de frases que eu conseguiria montar eu esqueci na hora.
Mas é isso aí. Representando o blog Lets Talk About Elvis, Rodolfo e eu conhecemos a TCB Band. Só faltou o Ronnie, os Stamps, mas todos são muito receptivos com os fãs. No caminho da volta comentávamos como eles conseguem lidar com isso desde os anos 70. Sim, porque se vermos as cenas finais do filme Elvis On Tour, após a famosa frase “Elvis has left the Building” a TCB Band ficava por lá no palco, autografando e conversando com os fãs. Isso é muito legal.
Em breve, nossa amiga do facebook Julianna Barros também estará por aqui comentando a aventura dela e como conheceu a banda. 
Pra fechar com chave de ouro, vocês sabem, sempre tem alguém no meio, que não foi nenhum de nós, mas alguém teve a infeliz ideia de perguntar o que eles achavam dos covers. 
Resposta: Todos os covers se parecem entre eles, mas nenhum se parece com Elvis Presley!
 
Texto Baratta McCartney

Eu trocando uma ideia com o Glen.

Nosso amigo Elvis Balbo também esteve lá e conseguiu as fotos com todos os integrantes







segunda-feira, 21 de outubro de 2013

ELVIS IN CONCERT 2013




2013. Ano em que tanta coisa acontece no mundo Elvístico. No começo do ano completava 40 anos o show Aloha From Hawaii, 1º show transmitido via satélite pro mundo inteiro. Agora em agosto foi lançado pela Sony uma coletânea com três CDs chamada “Elvis At Stax” com gravações de Elvis no Stax Studio em Julho e Dezembro de 1973, devidamente postado e comentado aqui no blog. 
Ano passado, eu motivado pela Elvis Experience e pelo show Elvis In Concert fiz várias postagens falando sobre a exposição e sobre o show lá no Blog do Baratta. 
Pois bem. O show volta com tudo esse ano, show em que se lê no banner que é a turnê de despedida da TCB Band. A banda que acompanhou Elvis no palco na década de 1970. Nessas horas eu não sei separar muito bem o Baratta fã e o Baratta metido a jornalista cultural, mas enfim vamos lá.
O show tem Elvis em um telão gigantesco, em altíssima definição e a banda original que acompanhou Elvis nos palcos na década de 70. Ronnie Tutt (bateria), James Burton (guitarra), Glenn D. Hardin (piano) e Norbert Putnam (baixo). Norbert acompanhava Elvis mais no estúdio. O show do ano passado, para mim foi emoção do início ao fim. Apesar do lugar que eu fiquei, mas desde o início, o intervalo, a volta foi tudo maravilhoso. O show é a banda no palco, as Sweet Inspirations (conjunto vocal feminino que acompanhava os shows de Elvis), em 2012 também vieram os Imperials, integrantes do violino, flauta, no ano passado eram integrantes brasileiros, todos regidos pelo maestro Joe Guercio. A sincronia entre Elvis e banda é perfeita.  Tudo isso foi no ano passado. Esse ano, como diz o banner terá a inclusão de 05 músicas novas.
Além disso, esse ano a parte brazuca da turnê tem 08 shows em 07 capitais brasileiras. Semana passada foi a vez de Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Atenção para as próximas datas e locais

23/10 - Recife
25 e 26/10 - São Paulo (bem no meu aniversário)
29/10 – Curitiba
31/10 - Porto Alegre
Informações e vendas pelo site www.elvis2013.com.br

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Elvis e Mitologia!



Muitos falam, sobre Elvis Presley, e remetem a ele a palavra “mito”, mas para que esta palavra realmente tenha um significado congruente com a figura de Elvis Presley, é preciso se entender e contextualizar, Elvis sua música e estilo, para que se possa assumir  e compreender  o nosso rei em um contexto como este.  Voltemos aos tempos onde de tudo se iniciou, especialmente na Grécia antiga que com certeza é o berço da nossa civilização atual, a partir dali com a filosofia e a mitologia, os seres humanos foram se organizando em uma sociedade, ela não era a única longe disto, mas foi a mais influente em termos de disseminação de conhecimento, e costumes. Na mitologia grega clássica o herói é um ser que é filho de um mortal e um Deus, ele esta acima dos humanos, porém é mortal e tem defeitos humanos, que fazem destes expressões humanas de deuses. Pois bem, estes heróis entre muitos podemos citar Achilles, Hércules, Teseu, entre outros que realizaram feitos heroicos pelos humanos, e tiveram suas aventuras narradas através dos séculos por meio da tradição oral e escrita, estes heróis sempre foram venerados e idolatrados pelos mortais por seus feitos. Voltemos agora aos nossos dias contemporâneos, voltemos nossa atenção a Elvis Presley o cantor mais influente e de maior sucesso de todos os tempos, Elvis ainda vivo já atingiu seu status de lenda, foi o pioneiro em muitas áreas aonde antes nenhum humano moderno se aventurou em termos de música, conheceu o sucesso meteórico e da noite para o dia deixou de ser um caipira inseguro do interior do Mississipi para se tornar uma figura pivotal de sucesso, beleza e talento, ali começou a saga do herói que usando a música como arma principal iniciou uma trajetória de tragédia e glória típica dos heróis mitológicos!!
Durante os seus anos de carreira enquanto vivo que totalizam 23 desde 1954 data de lançamento de seu primeiro single ainda pela gravadora Sun Records de Memphis até o lançamento de Moody Blue seu último álbum em vida em junho de 1977, Elvis viveu os altos e baixos de todo artista, muito mais altos do que baixos, soube e reinventar na hora em que foi preciso e amadureceu o seu estilo musical ao longo dos anos, porém com ele tudo tinha uma dimensão especial e diferente típica dos heróis mitológicos, a maneira como ele atingiu a sociedade ao longo dos anos sempre foi ímpar, e após sua morte causada pela autodestruição de si mesmo, provando que acima de tudo ele era um ser humano,  sua carreira ganhou outra dimensão em termos de sucesso, ele iniciou uma nova carreira e mais uma vez foi pioneiro agora sendo o primeiro “morto”, a conquistar novos fãs ao longo de gerações, sendo assim fica impossível dizer que sua carreira acabou em 1977, pelo contrário perdura até os dias atuais,  e assim como os heróis do passado, tem sua trajetória contada através de sua música, filmes,  dos inúmeros livros sobre sua vida e obra que se multiplicam ao longo dos anos, ou seja hoje Elvis Presley, assume também o papel de um arquétipo do mundo contemporâneo, no inconsciente das pessoas, hoje em dia, Elvis é e pode ser considerado um padrão de comportamento a ser seguido, a imagem dele se enraizou na mente humana de tal forma que todo mundo ao menos sabe que ele existiu um dia, e sabe algo sobre ele, provando que ele como mito dos tempos modernos replica a tradição humana de sempre ter heróis para seguir, admirar e se espelhar, embora estes paguem um preço por esta alcunha, alcunha esta que nem todos tem condição de suportar, apenas os heróis tem esta dedicação ao sacrifício.
Sendo assim, Elvis Presley definitivamente é a figura mítica mais influente e contundente do século XX, e com certeza sua história e influencia vai perdurar tanto tempo quanto o ser humano precisar de heróis para admirar, portanto não é errôneo considerar que ele estará por aqui por muito tempo ainda, cantando, os sentimentos de todos e perdurando a sua imagem cada vez mais mítica e influente!
Texto de Daniel Tessari

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Stax Studios - Elvis in Soul land



A Stax Records foi uma criação dos irmãos Jim Stewart e Estelle Axton. Nenhum parentesco com Mae Boren Axton, autora de Heartbreak Hotel. Jim começou seus experimentos com gravação por volta de 1957 e lançou seu primeiro disco em 1958. O primeiro nome da gravadora foi Satellite. O nome Stax ciria somente em 1961. Quando se fala em Stax, a primeira coisa que vem a mente é a soul music. Em 1967 após a morte do maior astro da Stax, Otis Redding e do rompimento de contrato de distribuição com a Atlantic, a Stax continuou sobre a supervisão de um novo co--proprietário, Al Bell.
Entre os artistas que gravaram na Stax estão Otis Redding,Booker T. & the M. G.´s, Sam & Dave, Albert King, Isaac Hayes, Wilson Pickett, Eddie Floyd, Roy Lee Johnson, entre muitos outros.
Hoje lá existe o Stax Museum. Tudo como exatamente era. O estúdio, a sala técnica, a mesa de som, as fitas de rolo, o estúdio propriamente dito, uma sala bem ampla, pois bem, tudo está do jeito que era.
Nosso amigo Rodolfo esteve lá e conferiu de perto. Embarque com a gente nessa viagem.









ELVIS AT STAX - (comentários de discos)

O lançamento mais aguardado de Elvis chega às lojas com força total. Elvis at Stax. Isso, Stax studios. Convidei dois grandes amigos lá das bandas do facebook para comentar esse álbum triplo que acaba de sair. 
O texto a seguir está assinado por Daniel Tessari (a quem eu chamo de Tessaripédia) e Oscar Neto (a quem chamo de grande chefe da cambada elvística facebookeana). 

Aumenta que isso é rock n roll. 


 

Análise: Elvis At Stax – Deluxe Edition
Um lançamento altamente recomendado, cobrindo importante momento da carreira de Presley, sua incursão, em 1973, ao não menos lendário estúdio Stax, reduto da Black musica de Memphis, epicentro dos denominados Southern soul e Memphis soul e responsável também por várias das peças mais importantes de gospel, funk, jazz e blues da história musical americana. Com um conteúdo, arte gráfica e som primorosos, Elvis at Stax nos brinda um Elvis ainda eclético (como sempre), com sensível redução do enfoque country típico deste período de sua carreira e sensível entrega à energia, estímulos e ao som negro ecoantes das paredes do Stax.
Dando sequência ao formato bem sucedido formulado para a cobertura de suas apresentações na Big Apple, o emblemático Prince For Another Planet, o produto entregue desta vez pela Sony é igualmente digno da reserva de espaço especial na prateleira de qualquer fã ou apreciador, não só da obra de Elvis, mas também  para os amantes do som sulista e da música em geral. Trazendo todos os másteres produzidos e lançados esparsamente em 3 álbuns e compactos, bem como uma mostra absolutamente interessante (e em som remixado, primoroso!) de outtakes das canções - algo como um ‘making of’ das sessões - , este se torna um lançamento obrigatório.
Era o ano de 1973, Elvis acabara de ser remetido ao Céu de seu Retorno às apresentação ao vivo, em 1968, no qual abandonou definitivamente a carreira cinematográfica, lançado em seguida ao Inferno Psicológico de ser abandonado pela  esposa, retomado ao Paraíso do Havaí com a transmissão extremamente bem sucedida de um concerto seu via satélite e agora amargava as dores dantescas do purgatório de processo de divórcio. Como resultado desta catarse artístico-pessoal, o anjo/demônio empresário de Elvis (Coronel Tom Parker) conseguira um novo contrato junto à gravadora, rivalizando com aquela que se consideraria como a maior transação comercial da história da música, em 1955, tendo como protagonista o próprio Elvis, a Sun e a RCA Records. Desta feita, Elvis cederia os direitos de todas as canções gravadas até então em troca de substancial influxo de dinheiro, algo muito bem vindo em um contexto em que Elvis buscava solucionar o impasse do fim de seu casamento, os custos legais, a divisão de patrimônio, etc. Neste instante uma nova relação com o selo se estabelecia e, em razão disto, ansiosa por rápida obtenção de retorno, a presidência da RCA, em atitude incomum junto ao cantor, lhe solicita a produção de novas faixas. Diante de um Elvis avolumado de tarefas, tournês, audiências judiciais e questões relacionadas ao divórcio, a solução foi o agendamento das sessões necessárias ali ao lado, no Stax Studios, reduto da Black Music, a poucos minutos de Graceland, com todos os contratempos técnicos (e até pessoais, como o roubo do microfone preferido de Presley) que pudessem ocorrer – e ai se inicia a viagem coberta por este projeto.
Junto a um livreto muito bem confeccionado e ao longo de 3 cds, muito bem divididos, temos bem documentada esse evento histórico, a começar pelo alinhamento junto à guia da calçada estúdio do  majestoso Pearl White Stutz Blackhawk (dirigido pelo próprio Elvis!), a primeira noite improdutiva, com um Elvis ainda não focado  buscando ambientação, os problemas sonoros diagnosticados e busca por soluções técnicas, a presença da filha e namoradas do cantor (o clima intimista e a proximidade de Graceland permitiria todo uma série de liberdades e um afluxo enorme de amigos ‘seguranças’, ansiosos por ver Elvis gravar!), e até o roubo de seu microfone preferido, que chegou a encerrar a sessão em uma das noites. Tudo isto temos aqui documentado em texto e áudio!      
Em um primeiro momento do produto, temos amostra de outtakes das canções R&B e Country produzidas (para mim a melhor sequência do lançamento, pura dinamite!), cobrindo todo o cd 1; na sequência, inaugurando o disco 2, o selo organizou uma seleta de outtakes das canções pop que emergiram ao longo dessas 12 noites de gravação nos meses de julho e dezembro de 1973. Até aqui (e em todo o lançamento) não encontramos nenhuma faixa inédita, apesar da raridade ao fã menos ‘hard’ dos momentos traduzidos nestes outtakes. Destaca-se entretanto muito o aspecto sonoro destes takes, vez que, especialmente para este lançamento, não apenas se produziu a remasterização, mas também se remixou  completamente estas tomadas alternativas, justificando, per si todo o produto. Tendo isto em vista, até se colocou no mercado, juntamente com esta versão Deluxe, uma versão mais ‘enxuta’, consistindo em único cd com o melhor destes outtakes.
For fim, como segunda parte do produto, consistindo na seleção de todos os másteres legados por esta estada no Stax, temos igualmente elevada qualidade sonora, com todos os fonogramas remasterizados, entretanto sem a remixagem radical verificada nos outtakes – um tratamento mais conservador com o som que se tornou clássico, digamos, vez que são esses os cortes/versões oficiais das canções. Mesmo assim o som é melhor que o de qualquer outro cd que você possa já ter adquirido e com um discreto acréscimo de eco no canal da voz de Elvis, um discretíssimo detalhe que veio bem a calhar - mas ainda sim preferia que também aqui tivéssemos procedido à uma remixagem a partir do zero, questão de gosto.
OS OUTTAKES:
O trabalho de remixagem se demonstrou um verdadeiro gol de placa! Desta vez, no geral, os instrumentos e as vozes (inclusive de fundo, os backing vocals) todos se fazem audíveis, trazem uma nova equalização que transmitem maior harmonia e equalização. A impressão que dá é a de que cada canal foi tratado com acurado cuidado pelos engenheiros; o som é elevado e mais aberto, amplificado que nos lançamentos feitos pela FTD. Alguns diálogos entre as faixas são inéditos, trazem um Elvis brincando muito e se divertindo antes de iniciar as tentativas de registro, como na tomada 1 de 'I Got A Feelin' In My Body', na 8ª de 'Good Times Charlie Got The Blues' e 8ª de 'She Wears My Ring'.
Como exemplo de melhor sensitibilidade dos instrumentos ou vocais podemos citar o orgão nos takes 2 de Mr Songman, e 1 de If That Isn't Love, a clareza geral de todo o conjunto no take respresentante de Girl Of Mine. Já o take 5 Promised aparenta até ser uma tomada inédita (atente-se ao eco), tal a mudança promovida, o mesmo se dando com a 1ª tomada de I Got A Feelin' In My Body, que inaugura o lançamento de forma interessante, com o som das fitas começando a rodar para o registro dos trabalhos, fazendo-nos sentir ali presentes, aguardando pelo que poderia sair produzido dessas sessões, o que, excetuando uma ou outra canção de menor expressividade, foi um verdadeiro estouro. Um bom momento na carreira de Elvis – e tudo gravado ali, a alguns metros de Graceland!
Ademais, a outra tomada alternativa de I Got A Feelin' contida neste lançamento (take 4) apresenta excelente exemplo da revalorização dos vocais de fundo, evidenciando o fabuloso trabalho feito pelo coro feminino e grupos Voice e Stamps, com destaque para o sempre empolgante baixo de J.D Sumner. 
Por fim, devemos ainda mencionar a beleza de uma faixa completa de ensaio, (apesar dar brincadeira e palavrões do Elvis humano), contida ainda na sequência dos outtakes que poderia inclusive ter dado origem a um maravilhoso máster, se Elvis tivesse a levado adiante: It's Different Now.  Infelizmente, por algum motivo ele a abandonou. Entretanto, nela podemos ver a qualidade dos músicos, a beleza dos vocais de fundo, capacidade de improvisação e adequação da banda à uma canção que, naquele instante, se buscava ‘tirar’ para quem sabe compor as metas das sessões.
Desta sessões, tão desejadas pela gravadora após o sucesso estrondoso da trilha do especial realizado no Havaí, se extraiu material suficiente para 3 álbuns: Raised On Rock (outubro de 1973), Good Times (março de 1974) e Promised Land  (janeiro de 1975), além de cinco singles (compactos simples), contrariando em parte a orientação da gravadora de produzir material para um único álbum pop, dois compactos e um disco religioso: apesar das limitações técnicas iniciais, as expectativas foram superadas.
            OS MASTERS:
Analisemos na sequência cada uma dessas canções, a começar pelas versões oficiais da sessão de julho, compiladas na segunda metade do segundo disco:
Raised On Rock, é uma canção potente, que tem letra incrível de Mark James, fazendo todo um balanço das influencias que ajudaram Elvis a moldar seu som. Tem um andamento diferenciado, com duas baterias, além de duas guitarras trabalhando com timbres diferentes e, como a cereja do bolo, somos regalados com uma harmonia bastante original, destacando-se o arranjo soprano Kate Westmoreland na parte final da canção, onde apenas ela, o piano e Elvis aparecem quebrando o ritmo para uma volta ainda mais poderosa ao refrão.
For Ol’ Time Sake, lado B do single Raised On Rock, é uma balada demais sensível de Tony Joe White, das melhores da carreira de Elvis, inteligente, com um arranjo sóbrio em cordas e metais, se destacando pela sinceridade com que o inérprete canta as palavras que traduzem os momentos de reflexão de alguém que está terminando um relacionamento. Belos solos de violões e arranjos discretos de órgão dão ainda o tom desta bela icanção. Compôs sub-título do álbum Raised On rock.
I’ve Got A Thing About You Baby, outra canção do Tony Joe White, onde novamente temos Elvis em seu melhor, levando um ritmo interessante, beirando a Black music e flertando discretamente com country. No take contido no CD 1 é possível se sentir uma batida bem mais country do que nesta  máster, marcada por um arranjo ótimo e vocais apurados. Um momento admirável que a fez digna de ser lançada tanto em single, com no álbum Good Times. Uma das melhores canções aqui contidas.
Take Good Care Of Her não é do tipo de canção que particularmente lhe faça se tornar muito fã, vez que se trata de um momento que diz mais respeito ao turbilhão emocional que Elvis vivenciava que ao ‘feeling’ do ouvinte.  Apresenta um arranjo que beira o gospel e uma letra que retrara alguém conformado com a garota que se foi: uma combinação um pouco bizarra, mas que em todo caso pode-se dizer que funcionou. Foi lançada em single com I’ ve Got  A Thing About You Baby e no álbum Good Times.
If  You Don’ t Comeback: reencontro de Elvis com os compositores Jerry Leiber e Mike Stoller, que não lhe escreviam material de forma direta desde 1962. Esta certamente é a melhor canção Black registrada nos vocais de Elvis! Uma vez estando na Meca da Black Music, no Stax, sem duvidas não poderia faltar uma boa canção ao seu estilo, com um linha de baixo que não segue a bateria - coisa rara em termos de música;  uma guitarra com pedal wha-wha,  totalmente alucinante, uma letra sinistra e vocais femininos que duelam de forma saudável com um Elvis incorporando Isaac Hayes. O que dizer de toda esta combinação? É simples: uma verdadeira obra prima, que foi lançada em Raised On Rock. Deveria, com muita justiça, ter feito parte de um single.
 
Three Corn Patches: mais uma da ‘re-aparecida’ dupla Leiber/Stoller, desta vez tratando-se de um blues com a cara do Blues de Chicago, mais agitado e menos cadenciado que os blues do delta do Mississipi, com leve flerte com o rock em um show de piano e guitarras, e, novamente belos vocais femininos. Aqui, Elvis Presley faz mais uma vez, uma canção incrível. Lançada em Raised On Rock
Girl Of Mine: apesar de muito popular nos EUA, esta é uma canção menor se comparada às demais produzidas nesta sessão, nela não se sentindo muita inspiração de Elvis em razão de seu cansaço na noite em que a registrou, ou, quem sabe, pelo descontentamento que teve ao ter seu microfone preferido roubado no estúdio, fazendo com que se registrasse apenas esta única faixa naquele dia – coisa rara a quem sempre produzia um hit atrás do outro.  Lançada em Raised On Rock.
Just a Little Bit: canção interessante com ritmo cadenciado e com uma batida sensual, ótimo solo de guitarra e, mais uma vez, belos vocais de fundo. Lançada em Raised On Rock.
Find Out What’s Happenning.  Segue a mesma linha das sessões: bom ritmo leve flerte com Black Music, boas guitarras, bons vocais de Elvis, com influencia de vocal negro. Lançada em Raised On Rock.
Sweet Angeline: esta foi gravada em julho pela banda, mas Elvis colocou os vocais em Setembro, em sua casa em Palm Springs como o recém formado grupo vocal Voice. Uma singela e interessante balada romântica. Um dos pontos mais altos.  Lançada em Raised On Rock.
 

 
O disco 3, por sua vez,  traz todas as masters da sessão de dezembro, de 1973:
Promised Land: um clássico de Chuck Berry, onde Elvis o recria de forma brilhante, com ótimos solos de guitarra do incrível James Burton e um arranjo que evolui ao longo dos takes, de um órgão para um piano típico de rockabilly; ou seja aqui temos Elvis com todo seu talento, fazendo um dos melhores rocks de sua carreira, o que não poderia faltar nestas sessões. Lançada em single e no álbum Promised Land.
It’s Midnight: primeira canção que Elvis grava daquele que vai se tornar em breve seus compositor favorito, Jerry Chestnut de Nashville. Desta vez este a escreveu em parceria com Billy Ed Wheeler. Nesta canção Elvis expressa todo seu sentimento à, agora ex-esposa, Priscilla. Nela verificamos uma estrutura interessante, com versos longos e introspectivos, um refrão mais agressivo, onde Elvis mostra todo seu poderio vocal, além de um arranjo ultra moderno de teclados (cortesia do sueco Pete Hallin), belos vocais masculinos e uma soprano. Lançada em single com Promised Land e também no álbum Promised Land.
If You Talk In Your Sleep: esta é sinistra! Composição do amigo de Elvis, Red West com Johnny Christopher, músico que às vezes tocava no estúdio com Presley nos anos 70. Mais uma vez nos deparamos com um surpreendente arranjo Black, com ótimos metais, vocais femininos sensuais, e, novamente a malandra guitarra de Burton utilizado o pedal wha-wha, fazendo desta um pérola, tudo isto misturado à um sugestiva letra que trás, ao que tudo indica, alguém que anda querendo ser infiel, já foi e não pode revelar este terrível segredo enquanto dorme. Lançada em single, foi o ponto alto da temporada de verão de 1974 em Las Vegas; também aparece no álbum Promised Land.
Help Me: primeira composição que Elvis gravou de Larry Galtin que, junto com seus irmãos, tinha uma banda de respeito em Nashville, chamada The Gatlin Brothers. Esta é uma canção gospel daquelas que Elvis tanto gosta, com um arranjo bem puxado para o country. Reza a lenda que Elvis a gravou de joelhos. Lançada em single com If You Talk In Your Sleep e no album Promised Land.

My Boy: versão de Parce que je t'aime mon enfant, emotiva canção francesa de Claude François. Elvis a adotou na temporada de Vegas em agosto e a levou para o estúdio nesta sessão. É uma faixa que certamente certeza dizia muito a Elvis, principalmente em relação a sua filha Lisa. Um belo momento, que rendeu bom sucesso, particularmente no Brasil. Foi Lançada em single e no álbum Good Times.

Thinking About You: bela canção de amor do compositor Tim Baty, um dos membros do recém criado grupo vocal criado por Elvis, o Voice. É uma típica canção setentista com uma bela melodia letra simpática e Elvis detonando nos vocais. Um dos mais agradáveis momentos no Stax. Lançada em single com My Boy e no álbum Promised Land.
Mr. Songman: esta é uma composição de Donnie Sumner ,membro do Voice e também da nova editora musical do rei. É uma canção verdadeiramente simples, com belos vocais, arranjo sóbrio e com uma atmosfera bem otimista. Um belo momento e excelente e xemplo de que ‘menos pode  ser mais’. Apesar de beleza expressada no take do cd 2, com um Elvis mais ‘só’ na faixa, a master tem seu valor justamente por deixar bem evidenciado o equilíbrio vocal alcançado junto ao conjunto de  vocalistas. Lançada em single como lado B de T-R-O-U-B-L-E em 1975 e no álbum Promised Land
I Got A Feelin In My Body: com este groove Elvis iniciou as sessões de dezembro de 1973. Temos aqui uma ótima letra de Dennis Linde, com temática gospel. Desta vez temos 3 (sim 3 guitarras!!), uma simplesmente acompanhando e as demais duelando no pedal wha-wha, além de um linha de baixo marcante, vocais incríveis, ótimos teclados e um Elvis mais negão do que nunca. Um verdadeiro estouro e destaque entre os destaques!!!Lançada em Good Times
Loving Arms: Composta por Tom Jans, que nos apresenta uma balada romântica, poderosa, com um início bem característico e uma quase que ausência de refrão, muito bem construído por sinal, demonstrando de forma inequívoca o quanto é bem escrita a canção: marca da elegância das sessões de dezembro. Simplesmente uma das gemas mais agradáveis destas sessões. Um som verdadeiramente atemporal. Em um ‘teste cego’ certamente se diria ter sido gravada hoje de manhã. Lançada no álbum Good Times.
Good Time Charlie’s Got The Blues: esta é uma canção que foi o único hit de seu autor, Danny O’Keefe, em 1968. Elvis gravou sua versão com um toque especial, nostálgico e reflexivo. Entretanto, por razões óbvias, ele omitiu o verso que fala de pílulas (presente na versão original de seu autor): ”i take the pills to ease the pain...” Mesmo assim, Elvis, como de costume, se apropria da canção e a torna uma experiência auditiva e sensorial única. Destaque para as duas guitarras, que conversam entre si enquanto o violão serve de base melódica. Certamente um dos maiores momentos de James Burton ao lado de Elvis.  Lançada no álbum Good Times.
You Asked Me To: esta era, na época de sua gravação por Elvis, um country hit do ícone do estilo Outlaw Country, Waylon Jennings. Desta vez muito pouco se mudou, mantendo a base da canção, com ótimos solos de Burton, mostrando que Elvis estava antenado com as canções contemporâneas de sua época. Ótima e animada canção. Lançada em Promised Land.
There’s A Honky Tonk Angel: canção tipicamente country, do jovem compositor de Nashville Troy Seals, que na época se destacava com um dos mais emergentes compositores da capital da Country Music. Esta é uma canção linda, em que Elvis realmente dá tudo de si na interpretação. O cantor Conway Twitty a gravou seis semanas antes de Elvis. Existe a possibilidade Elvis e seu produtor Felton Jarvis a tenham considerado para um single, mas como Twitty já a havia lançado, a idéia teria sido logo abortada, infelizmente. Lançada em Promised land.
Talk About The Good Times: ótimo country-rock do compositor Jerry Reed, o mesmo de Guitar Man e U.S.Male, A Thing Called Love, com um arranjo que destaca os teclados de Hallin e Briggs, uma pitada de vocais Gospel, e um Elvis super animado. Com certeza esta é bem interessante e propicia uma grande audição. Lançada em Good Times.
She Wears My Ring: esta é uma canção do casal numero 1 de compositores de Nashville: Boudleaux e Felice Bryant. Foi gravada muitas vezes e a versão do rei se aproxima da registrada por Ray Price, em 1968 - totalmente acústica e mantendo a peculiar estrutura de acordes do casal. Elvis canta com supremacia sua melodia tortuosa. Entretanto, restou obscura em razão de, apesar de sua singela beleza, se manter não tão evidenciável diante do conjunto de novidades da sessão. Um número bonito e regular. Lançada em Good Times.
Your Love’s Been A Long Time Coming: esta é uma canção de Rory Bourke, que escreveu Patch It Up com Eddie Rabitt para Elvis em 1970. É uma música bem romântica, verdadeira ópera-country, com refrão pegajoso (um pouco repetitivo, talvez). Muito apreciada pelos fãs. Destaque para o delicioso take no cd 2. Lançada em Promised Land
Love Song Of The Year: de Lon Chritian Smith. Esta é mais uma da nova editora musical do rei. Trata-se de uma canção muito bela, com letra pretensiosa e que se garante. Ademais, tem um ritmo inteligente, vocais fantásticos e um Elvis muito inspirado, ou seja, uma obra prima. Lançada em Promised Land.
Spanish Eyes: esta sempre foi uma das favoritas de Elvis em suas sessões caseiras e verdadeira mostra de que Elvis continuava interessado em atingir outros públicos, de outras nacionalidades, em especial a comunidade latina dos EUA. Foi gravada originalmente por Al Martino em 1967, baseada na melodia de Moon Over Naples, de Bert Kaempferts. Aqui se dá um clima mediterrâneo com arranjos acústicos, mas que, ao vivo, tem o verso omitido em relação à esta de estúdio, perdendo o característico clima espanhol, transmutando-se e se aproximando do igualmente saboroso ritmo mariachi mexicano. Grande momento, muito  marcante na discografia. Lançada em Good Times.
If That Isn’t Love: canção gospel de Dottie Rambo. Cantada com supremacia, dotada de um belo arranjo, mas que, apesar de se revelar um boa versão, termina por ser algo pouco deslocado dentro da sessão – talvez como seqüela de idéia abandonada de se produzir um álbum gospel. Lançada em Good Times.
Do produzido em estúdio em 1973, ficaram de fora deste lançamento apenas I Miss You e Are You Sincere, que até englobam o conjunto, mas tecnicamente foram produzidas em sua totalidade não no Stax, mas na casa de Elvis, em Palm Springs, onde a RCA montou seus equipamentos para que o cantor terminasse a gravação de Sweet Angeline (o que felizmente realizou), Color My Rainbow, Good, Bad But Beautiful e The Wonders You Perform, faixas das quais infelizmente só se produziu o instrumental, nos deixando pra sempre sem a inserção dos vocais de Elvis.
Fica claro que estas sessões do Stax mostram um Elvis vocalmente poderoso, com muita inspiração e o balanço final felizmente teve sensível sucesso comercial, com alguns hit singles adentrando o top 20 da Billboard, (My Boy, If You Talk In Your Sleep e Promised land), além de um desempenho bem mais interessante nas country charts, onde Promised land e Good Times chegaram ao topo. 
Talvez uma crítica seja cabível à forma como a RCA promoveu e colocou no mercado este material, dificultando um melhor aproveitamento, uma vez que com canções de tal qualidade em mãos, sem dúvida alguma, poderiam ter composto um álbum duplo, lançado na metade de 1974. A mentalidade da RCA sabotava seus próprios discos: Aloha From Hawaii foi um sucesso incrível, ficou no Top 10 de álbuns por mais de um ano e, neste período, 2 álbuns (Raised on Rock e Good Times) com material do Stax foram lançados, sem antes se esgotar a rentabilidade do disco havaiano, fazendo com que concorressem entre si.  Seria evidente que não alcançariam a devida atenção. Ou, outra possibilidade, como mencionado, poderia ter-se produzido um álbum duplo, o poderia dar mais destaque às sessões como um todo - mas infelizmente isto ocorreu apenas agora.
De qualquer forma este novo lançamento da Legacy Records, nos apresenta  um Elvis em seu auge, eclético e versátil, indo do gospel ao Black, do country ao pop, passando pelo rock, a todo momento imprimindo sua sempre poderosa marca vocal, aliado ao seu time de músicos de primeira, mostrando que 1973 foi um dos anos  mais interessantes de sua carreira.

            Justiça foi feita!! Um lançamento digno de aquisição por todo e qualquer fã!
 
Por Oscar Luciano Gomes Neto e Daniel Tessari.