Um dia estou eu andando pelo shopping (coisa que não é lá
muito o costume do Baratta, mas quando a gente namora, bom deixa pra lá) eis
que resolvo entrar numa livraria que vende de tudo agora também né? Enfim, lá
fui eu na seção sobre música. Não exatamente uma biografia, mas esse livro já
chama atenção pelo nome: Elvis Presley A Vida Na Música de Ernst Jorgensen da
editora Larousse.
O livro é de 2010 e trata do assunto música. Sim, as sessões
de gravação de Elvis que gravou de 1954 até 1977 pela Sun e pela RCA. Graças a
Jorgensen que a obra de Elvis vem sendo resgatada e revelada em toda sua
amplitude. Follow That Dream seria um ótimo título alternativo para o livro do
autor dinamarquês que seguiu o seu sonho de ter contato extremo com a música e
obra de Elvis Presley. Hoje ele trabalha na RCA, é o idealizador de boxes como
o “Platinum – A Life In Music”, “The King Of Rock´ n Roll – The Complete 50´s
Masters” entre outras. Você gosta dos CDs do selo FTD? Agradeça ao Ernst. Foi
ele que deu vida ao selo FTD. Um selo de origem dinamarquesa e que relança
vários discos de Elvis com outtakes, versões desconhecidas, praticamente tudo
das sessões de gravação, além de gravações de shows, muitos shows. O livro fala
das sessões de gravação, para tal, o autor conversou com muitos músicos,
produtores, executivos da RCA, pois muitas das fitas originais estavam apenas
datadas. Mas e as histórias? O que aconteceu durante as gravações? Como foram
as gravações da época da SUN? Porque a fase dos anos 60 é uma das mais ricas
para Elvis? Além dos músicos que já conhecemos, quem tocou o contra baixo em
(You´re So Square) Baby I Don´t Care? Qual era o horário habitual de Elvis para
gravar? Quais as conexões entre as sessões de gravação com a sua biografia, o
que Elvis estava vivendo durante a gravação de um disco? Quais as histórias em
torno do Aloha From Hawaii? E sobre o Comeback de 1968? Essas e outras
respostas e revelações estão contidas nesse livro com preço em média de R$
60,00.
Pra variar a primeira vez que eu vi esse livro na frente
(lógico, o Baratta né?) estava sem dinheiro. Então o que fiz? Sentei no chão da
livraria, procurei e li a parte sobre as sessões de gravação do meu disco xodó
do Elvis: Elvis Today de 1975. Algum tempo depois acabei ganhando o livro de
natal.
Recomendadíssimo e obrigatório a quem é fã ou não é fã de
Elvis. O livro é mais do que indicado para músicos ou quem trabalha na
indústria da música.
Desde a triunfal volta de Elvis aos palcos em 1969, até o
seu último show em Indianápolis em 26 de junho de 1977, Elvis nunca parou de
fazer shows, foi contínuo. Embora hoje exista bem mais material oficial da
década de 70, ainda falta coisa. Mas pensemos no que havia de oficial (cinema e
TV) na época. Como primeiro registro, temos o filme “That´s The Way It Is” que
marca a volta aos palcos em Las Vegas, um filme e documentário sobre toda a
agitação dos ensaios, momentos de backstage, e o show em si. Dois anos depois,
é lançado o “Elvis On Tour” que trata das turnês de Elvis naquele período de
1972. Cenas de backstage, correria de uma cidade para outra, entrada, saída do
palco, corrida para o carro, recepção dos fãs no aeroporto, gente pra lá de
emocionada na plateia, montagem dos equipamentos de som, Elvis e seu momento
gospel com banda, um excelente filme. Um ano mais tarde o primeiro show
transmitido Via Satélite. “Aloha From Hawaii”. Aclamado no mundo todo, um Elvis
bem mais maduro, em plena forma, mostra para o mundo que sim: Um especial
emocionante desde a chegada de helicóptero, no palco seus primeiros sucessos,
alternados com versão para Something dos Beatles, My Way, What Now My Love,
resumindo, um baita show que ainda emociona quem assiste mesmo depois de 41
anos.
Mas, e de 1973 para frente? O que teve de oficial?
Infelizmente somente os discos, um ou outro vídeo ainda surge (nos dias de
hoje), vale ressaltar, que o show de Elvis em 20 de março de 1974 no Mid-South
Coliseum em Memphis, daria um belo registro em vídeo. Mas nem tudo está
perdido, o show saiu no disco Elvis As Recorded Live On Stage In Memphis. Disco
que aliás completa 40 anos em 2014. Mas apenas só temos o registro em disco.
Sabe-se que a TV local na época fez sim algumas filmagens durante o show,
agora: eu acredito em minha humilde opinião que não foi veiculado pela TV.
O show de ano novo no último dia de 1976 em Pittsburgh,
contido no FTD “New Years Eve” daria outro belo registro em vídeo. Elvis não
está tão gordo e inchado como se vê nos últimos registros que falaremos em
instantes, ele está mais brincalhão, o som está de primeira. Quem sabe não
lançam isso algum dia?
Mas o mundo esperaria por outro vídeo oficial até 1977. Há
quem diga que em 1977 Elvis já não vendia tantos discos como antes, que era um
astro decadente, que não tinha o mesmo alcance e que (absurdo) somente os fãs
mais ardorosos ainda iam a seus shows e isso dito por fãs, orra meu, dói,
machuca ler um troço desse. Mas enfim. Estamos aqui pra defender Elvis até o
último minuto.
O Especial da CBS
Recentemente li a informação que o Coronel em uma manobra
desesperada teria negociado um novo contrato para um show televisivo.
Elvis In Concert, seria veiculado pela CBS. Com o material
gravado de dois shows, Omaha em 19 de junho de 1977, e Rapid City em 21 de
junho de 1977.
Apesar de Elvis não estar na sua melhor forma, ele dá sim o
melhor de si. Elvis tinha um compromisso muito sério com o seu público. Isso é
informação de amigos meus que tem ligação e horas e horas de bate papo com os
membros da TCB Band. Elvis era um artista assim: O público pagou para me ver e
terá o melhor show que eu puder fazer! Ele tinha esse compromisso, ele tinha
essa preocupação e respeito com o seu público.
O especial foi focado na última turnê de Elvis. Toda a
movimentação de montagem da aparelhagem de palco, retorno, uma equipe dedicada
trabalhando para que nada desse errado, os fãs comentando, falando tudo sobre
Elvis, muitos fãs inclusive usando o mesmo estilo de corte de cabelo de Elvis
por influência, andar igual ao seu ídolo. Diferentemente de hoje em dia de
(seres estranhos tentando ser Elvis) o que é um absurdo. Elvis é único.
Pois bem, os fãs comentando, montagem de palco, momentos
antes do show onde tudo é comercializado, botons, pôsteres, revistas, pipoca,
refrigerante, tudo antes do espetáculo começar. Eis que os primeiros acordes de
“Also sprach Zarathustra (Theme from 2001: A Space Odyssey) mostra um Elvis
Presley diferente do que estávamos acostumados a ver no Aloha, ou no On Tour,
bem distante da forma física do Elvis do Comeback Special, mas ele caminha até
o palco entre cortinas seguido dos seus “amigos” da Máfia de Memphis. Joe
Esposito ao seu lado, rindo (provavelmente Elvis soltou uma de suas piadas,
sempre fazia uma piadinha). Sim senhoras e senhores, ELE SIM É O REI. Uma
parada, um gole de água? Refrigerante? Uma olhadinha pro lado, o famoso sorriso
cativante e faz uma inflexão como se rezasse antes de entrar no palco. Mr.
Ronnie Tutt desce o braço na bateria no riff de abertura e o rei sobe as
escadas em direção ao palco. A cena tantas vezes descrita de um início de show
de Elvis, flashes, flashes e mais flashes explodindo na escuridão tentando
captar um movimento dele, o maior ícone da música de todos os tempos. Em sua
fisionomia, ele está parecidíssimo com Gladys, sua mãe. E de repente o vozeirão
ecoa pelo local do evento cantando See See Rider, That´s All Right, Are You
Lonesome To-night?, que a CBS dá uma baita cortada colocando os fãs comentando.
O Medley com (Let Me Be Your) Teddy Bear / Don´t Be Cruel e nesse momento Elvis
sai distribuindo suas echarpes mostrando todo o carisma que possui, todo mundo
corre para chegar perto ou pelo menos tocá-lo com as pontas dos dedos. You Gave
Me A Moutain, um final diferente em Jailhouse Rock, fãs comentando, um entre
eles diz: Eu amo esse cara...
How Great Thou Art e Elvis tem um alcance fantástico da voz logo
na mudança de andamento da canção. Diga-se de passagem, é a versão do In
Concert de 1977 que eu mais gosto. Cenas de fãs chegando de fãs clubes da
Inglaterra. Claro, é só um exemplo, pois fãs vinham de todas as partes do
mundo. “Early Morning Rain”,
rola na apresentação da banda. “I Really Don´t Want To Know”. Na
sequência Elvis apresenta seu pai Vernon, sua namorada Ginger Alden e dá tudo
de si em “Hurt”, puxa “Hound Dog” como que de surpresa. “My Way” numa das
melhores versões que eu já ouvi e “Can´t Help Falling In Love” e trechos de seu
pai Vernon falando sobre a carreira e mostrando algumas cenas em Graceland.
O final, um emocionado Vernon direto de seu escritório em
Graceland, Vernon mal consegue falar, respira fundo, tenta tirar forças para
falar, é de tocar o coração da gente. No escritório estão milhares, talvez mais
de um bilhão de cartas para Elvis que tinha falecido em 16 de agosto de 1977. O
especial foi veiculado em outubro. Foi lançado um disco duplo com o nome Elvis
In Concert contendo algumas poucas gravações do show de Omaha e 80% do material
de Rapid City.
Uma breve análise: Dizem que o In Concert nunca foi lançado
oficialmente, pois Elvis está com a aparência péssima e isso prejudicaria a sua
imagem. O que vemos no In Concert é um Elvis sim diferente fisicamente,
visivelmente cansado, mas com um alcance vocal fora dos limites. Elvis está com
o carisma de sempre. Elvis não fica parado o tempo todo em um lugar do palco,
circula, pode não ter mais os mesmos movimentos do que em 1970, mas prende a
nossa atenção o tempo todo.
Tentando resumir (coisa meio difícil quando falamos de
Elvis): O especial da CBS é obrigatório para todo o fã, não foi lançado
oficialmente em VHS ou DVD, apesar de existirem para baixar, é fácil achar.
Confesso que a primeira vez que vi esse especial, poxa,
claro, pensei estar faltando coisa, aí fuça daqui, fuça dali e fico sabendo que
eram sim dois shows. Bom e agora pra ter os dois shows? Então, entra em cena:
Baratta, O Neurótico!
Telefona daqui, fala com um dali e entro em contato com o
saudoso Marcelo Costa, presidente do maior e mais sério fã clube de Elvis
Presley de todos os tempos. O São Paulo Elvis Presley Society (SPEPS).
Encomendei com ele o Rapid City em VHS. Nossa! Pra quê?
Mostra Elvis chegando de carro, indo para o camarim,
recebendo uma condecoração da cidade, posando pra foto e a cena que deixa todo
coração de todo fã estremecer: O caminhar de Elvis Presley para o palco. Até
então, já tinha visto cenas reveladoras, nunca vistas antes. Pensa, eu mal
tinha o meu primeiro computador, mas enfim, lá estava eu assistindo o Rapid
City, onde de repente eu vejo que teve uma falha na See See Rider, logo no
início, não, não era a fita, era Elvis e TCB Band que pararam por um instante e
continuaram numa boa. Depois o começo da I Got Woman que eu há anos vinha
escutando no disco In Concert de outubro de 1977. Opa, comékié? Mais fala? Mais
improviso da parte do Elvis, então... Péra, dexovê se eu entendi: No disco tá
editado, no especial da CBS nem sombra disso tinha. Sim senhoras e senhores.
Não basta ter o Especial da CBS e o disco Elvis In Concert apenas. É preciso
ter também o show de Rapid City, Omaha (por mais que todo mundo desça a lenha),
o show é maravilhoso, mas de fato em Rapid City, Elvis está bem mais solto.
Isso porque não mencionei o material The Final Curtain – Box
com seis DVDs isso, seis creio que da turnê, o lançamento é da Box Car. Mas
esse eu ainda vou esperar ter em mãos para comentar.
Show de Omaha – 19 de Junho
Show de Rapid City – 21 de Junho
See See Rider
See See Rider
I Got a
Woman / Amen
I Got a
Woman / Amen
That´s
All Right
That´s
All Right
Are You
Lonesome Tonight?
Are You
Lonesome Tonight?
Love Me
Love Me
Fairytale
If You
Love Me (Let Me Know)
Little
Sister
You Gave
Me A Moutain
(Let Me
Be Your) Teddy Bear / Don´t Be Cruel
Jailhouse
Rock
And I
Love You So
O Sole
Mio / It´s Now Or Never
Jailhouse
Rock
Trying to
Get to You
How Great
Thou Art
Hawaiian
Weeding Song
Early
Morning Rain
(Let Me
Be Your) Teddy Bear / Don´t Be Cruel
What´d I
Say
My Way
Johnny B.
Goode
Early
Morning Rain
I Really
Don´t Want to Know
What´d I
Say
Hurt
Johnny B.
Goode
Hound Dog
I Really
Don´t Want to Know
O Sole
Mio / It´s Now Or Never
Hurt
Can´t
Help Falling in Love
Hound Dog
Unchained
Melody
Can´t
Help Falling in Love
TCB
Band
Guitarra:
James Burton
Guitarra:
John Wilkinson
Violão:
Charlie Hodge
Violão:
Elvis Presley
Baixo:
Jerry Scheff
Bateria:
Ronnie Tutt
Piano: Tony
Brown
Piano
Elétrico: Bobby Ogdin
Backing
vocals: The Sweet Inspirations
Backing
Vocals: J. D. Sumner e Stamps
Vocais:
Kathy Westmoreland
Vocais:
Sherrilll Nielsen
Joe Guercio
e Orquestra
A seguir a capa do disco que eu ouvia ontem (isso me motivou a escrever o texto), eu ouvindo o disco de outro ângulo, algumas fotos do show e três vídeos: O do especial da CBS, o show de Rapid City e o show de Omaha.
Texto Baratta, garimpagem de vídeos Thiago Gonzalez