No penúltimo dia de outubro de 2013, aconteceu algo que eu
jamais imaginei algum dia acontecer um show de Elvis Presley, com sua banda em
minha cidade natal. Lembro como se fosse hoje, quando um garoto de 11 anos, em
1991, começou a escutar um cantor que já tinha morrido, e ninguém da sua idade
de seus amigos, e colegas gostava deste cara exceto seu pai. Pois é mais de 20
anos depois um sonho antes inacreditável estava para acontecer, o show foi
anunciado e confirmado por ultimo na turnê, afinal Curitiba não tem um local
muito próprio para este tipo de show, e a mente ainda provinciana impera por
aqui, mas este é outro assunto, o fato é que o show foi confirmado e no
primeiro minuto de venda de ingressos pela internet este que vos escreve
comprou o seu ingresso, isto foi em agosto. Finalmente o dia chegou, antes a
tarde já tinha sido pura emoção encontrar os caras que ajudaram o rei a
perpetuar seu mito através da sua musica, foi inesquecível e agora o show se
aproximava.
O local já estava cheio, todos estavam ali, a sua maneira
para aproveitar o rei, posso apenas falar sobre a minha forma de aproveitar
todo aquele momento, e esta maneira era sempre apreciar a música em primeiro
lugar, Elvis era pura música sempre foi, e foi por ela que me tronei fã deste
cara, estiloso, bonitão sim ele era tudo isto, gentil, educado, com suas
fraquezas afinal era um humano, mas acima de tudo a música é o que sempre me
importou mais em relação a ele.
E naquele dia a celebração máxima o auge da minha história
com a música deste cara aconteceu, o show começa, o local não era dos melhores
comprei na ultima fila, e o local era plano, ruim de ver, mas como sou esperto
fui até a lateral e lá sim, fiquei em pé, mas vi tudo de forma clara, e toda
aquela mágica aconteceu, as canções
foram perfeitas, a banda incrível, e Elvis Presley mesmo em um telão
conseguiu criar e marcar sua presença é como se ele estivesse ali mesmo, e as
canções foram saindo sendo executadas poderia fazer uma analise formal
intelectual, faixa a faixa mas não vou fazer isto, por que aqui o que conta é a
emoção, dane-se o intelecto, naquele dia o que eu queria e o que aconteceu foi
aproveitar cada momento como único, não tirei fotos, não filmei, assisti
apenas, por que aquilo ali que acontecia era para se levar pela eternidade e
nada melhor do que se deixar levar pelas percepções, sem atrapalhos
tecnológicos e foi o que fiz, lembrem esta é minha maneira cada um tem a sua..
O Show começa com, See See Rider, Burning Love, com toda
energia, segue com os clássicos dos anos 50 todos executado de forma rápida,
afinal eram canções curtas que ao vivo ficavam mais curtas ainda, mas não menos
brilhantes, a ordem exata já não me lembro e nem quero lembrar, o que lembro
são as performances, teve Welcome To My World, Just Pretend, arrasadora, You
Don’t Have To Say You Love Me, You’ve Lost That Lovin Feelin, estas sempre
executadas com energia apesar de serem românticas a paixão de Elvis transcende
o clima depressivo original de cada uma e elas se tornam apaixonadas e com ele
nada de depressão.
As performances que mais me chamaram a atenção, foram Always
On My Mind, ao vivo e com belas imagens dele com Priscilla, no telão, e a banda ali embaixo, executando
tudo com maestria, foi possível sentir toda a emoção de um homem que não
valorizou e perdeu o seu amor, Polk Salad Annie me vem agora, sempre perfeita,
James Burton, Ronnie, e Putnam comandam as ações cada um destruindo tudo com
seu instrumento, senhores de mais de 70 anos, fazendo rock como se fossem
adolescentes vigorosos, e claro, o rei no telão fazendo seus movimentos e
conduzindo o show com perfeição, Don’t
Cry Daddy, com imagens de Lisa Marie ainda criança com seu pai, também
emociona, afinal esta é uma das letras mais profundas e intimistas que ele
algum dia gravou, Bridge Over Troubled Water é outra que traz a casa abaixo, a
melhor canção de Paul Simon, que interpretada pelo rei sempre foi algo
inacreditável, a introdução de piano de Glen Hardin nesta faz toda a diferença,
Trouble/Guitar Man de 1968 com a TCB Band ganha uma aura impressionante, na versão original existem 3
guitarras, sendo que uma delas faz as ditas “notas fantasmas”, onde o musico
afasta levemente os dedos da guitarra , e toca dando efeito diferente ao som,
pois é eu vi a inacreditável sequencia, com apenas a guitarra de Burton fazendo
esta ponte com o toque mais natural, criando efeito único, com o baixo de
Putnam alucinante considerei esta em termos técnicos a melhor da noite, onde
toda a banda executa em número menor, de músicos um arranjo complexo que em
nada deve ao original.
Mistery Train/Tiger
Man, é outra que com certeza é inesquecível, sempre foi meu medley favorito,
afinal Elvis mistura duas canções pelas quais tem afeto desde a SUN Records,
reza a lenda que ele chegou a gravar Tiger Man na SUN se o registro existe já é
outra história o fato é que esta no palco funcionava muito bem, com um Elvis
Selvagem, se movimentando ao som da bateria de Tutt, e quando esta foi tocada
toda a potencia da banda pode ser sentida , enquanto tudo isto acontecia eu
ficava ali fascinando não acreditando no que estava acontecendo bem na minha
frente.
What Now My Love, My Way, I’ll Remember You, American Trilogy, todas estas foram executadas
com muita precisão fazem parte da apresentação mitológica Aloha From Hawaii
onde na minha opinião, o rei coroou seu mito de vez, The Wonder Of You, com o
seu inconfundível Play It James, Sweet Caroline sempre um das favoritas, afinal
Elvis canta este clássico como ninguém superando inclusive o seu autor o genial
Neil Diamond, Sweet Sweet Spirit, cantada por Bill Baize e Ed Hill, seguida de
How Great Thou Art servem como momento de reflexão, o passeio musical
proporcionado por Elvis Presley com gospel, country, rock, pop, blues, vai
chegando ao fim e com Can’t Help Falling In Love termina o show histórico, não
consigo imaginar melhor tema para encerrar um shows de Elvis Presley, canção,
de 1961 do filme Blue Hawaii ele avisa antes do inicio de onde ela vem, sempre
será a melhor canção romântica já escrita e sempre encerrou os shows dele com
maestria e precisão, e desta vez não foi diferente, e logo após o Closin Vamp
chega, e tudo acaba, cumprido o papel Elvis In Concert realmente traz toda a
atmosfera de um show de Elvis Presley sendo que com a tecnologia até melhor do
que na sua época, e como ele se foi em 1977 ano em que eu nem era nascido,
penso que não existe forma melhor de ter aproveitado tudo isto do que esta,
afinal o rei continua vivo, através de sua música alguém ainda tem duvidas disto???
Texto Daniel Tessari
Adorei o texto!
ResponderExcluirRealmente deve ter sido um show de marcar a vida de qualquer um.
Abraços Danitel e Baratta :)