quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Elvis In Concert - Curitiba - por Daniel Tessari




No penúltimo dia de outubro de 2013, aconteceu algo que eu jamais imaginei algum dia acontecer um show de Elvis Presley, com sua banda em minha cidade natal. Lembro como se fosse hoje, quando um garoto de 11 anos, em 1991, começou a escutar um cantor que já tinha morrido, e ninguém da sua idade de seus amigos, e colegas gostava deste cara exceto seu pai. Pois é mais de 20 anos depois um sonho antes inacreditável estava para acontecer, o show foi anunciado e confirmado por ultimo na turnê, afinal Curitiba não tem um local muito próprio para este tipo de show, e a mente ainda provinciana impera por aqui, mas este é outro assunto, o fato é que o show foi confirmado e no primeiro minuto de venda de ingressos pela internet este que vos escreve comprou o seu ingresso, isto foi em agosto. Finalmente o dia chegou, antes a tarde já tinha sido pura emoção encontrar os caras que ajudaram o rei a perpetuar seu mito através da sua musica, foi inesquecível e agora o show se aproximava.
O local já estava cheio, todos estavam ali, a sua maneira para aproveitar o rei, posso apenas falar sobre a minha forma de aproveitar todo aquele momento, e esta maneira era sempre apreciar a música em primeiro lugar, Elvis era pura música sempre foi, e foi por ela que me tronei fã deste cara, estiloso, bonitão sim ele era tudo isto, gentil, educado, com suas fraquezas afinal era um humano, mas acima de tudo a música é o que sempre me importou mais em relação a ele.
E naquele dia a celebração máxima o auge da minha história com a música deste cara aconteceu, o show começa, o local não era dos melhores comprei na ultima fila, e o local era plano, ruim de ver, mas como sou esperto fui até a lateral e lá sim, fiquei em pé, mas vi tudo de forma clara, e toda aquela mágica aconteceu, as canções  foram perfeitas, a banda incrível, e Elvis Presley mesmo em um telão conseguiu criar e marcar sua presença é como se ele estivesse ali mesmo, e as canções foram saindo sendo executadas poderia fazer uma analise formal intelectual, faixa a faixa mas não vou fazer isto, por que aqui o que conta é a emoção, dane-se o intelecto, naquele dia o que eu queria e o que aconteceu foi aproveitar cada momento como único, não tirei fotos, não filmei, assisti apenas, por que aquilo ali que acontecia era para se levar pela eternidade e nada melhor do que se deixar levar pelas percepções, sem atrapalhos tecnológicos e foi o que fiz, lembrem esta é minha maneira cada um tem a sua..
O Show começa com, See See Rider, Burning Love, com toda energia, segue com os clássicos dos anos 50 todos executado de forma rápida, afinal eram canções curtas que ao vivo ficavam mais curtas ainda, mas não menos brilhantes, a ordem exata já não me lembro e nem quero lembrar, o que lembro são as performances, teve Welcome To My World, Just Pretend, arrasadora, You Don’t Have To Say You Love Me, You’ve Lost That Lovin Feelin, estas sempre executadas com energia apesar de serem românticas a paixão de Elvis transcende o clima depressivo original de cada uma e elas se tornam apaixonadas e com ele nada de depressão.
As performances que mais me chamaram a atenção, foram Always On My Mind, ao vivo e com belas imagens dele com Priscilla,  no telão, e a banda ali embaixo, executando tudo com maestria, foi possível sentir toda a emoção de um homem que não valorizou e perdeu o seu amor, Polk Salad Annie me vem agora, sempre perfeita, James Burton, Ronnie, e Putnam comandam as ações cada um destruindo tudo com seu instrumento, senhores de mais de 70 anos, fazendo rock como se fossem adolescentes vigorosos, e claro, o rei no telão fazendo seus movimentos e conduzindo o show com perfeição,  Don’t Cry Daddy, com imagens de Lisa Marie ainda criança com seu pai, também emociona, afinal esta é uma das letras mais profundas e intimistas que ele algum dia gravou, Bridge Over Troubled Water é outra que traz a casa abaixo, a melhor canção de Paul Simon, que interpretada pelo rei sempre foi algo inacreditável, a introdução de piano de Glen Hardin nesta faz toda a diferença, Trouble/Guitar Man de 1968 com a TCB Band ganha uma aura  impressionante, na versão original existem 3 guitarras, sendo que uma delas faz as ditas “notas fantasmas”, onde o musico afasta levemente os dedos da guitarra , e toca dando efeito diferente ao som, pois é eu vi a inacreditável sequencia, com apenas a guitarra de Burton fazendo esta ponte com o toque mais natural, criando efeito único, com o baixo de Putnam alucinante considerei esta em termos técnicos a melhor da noite, onde toda a banda executa em número menor, de músicos um arranjo complexo que em nada deve ao original. 
 Mistery Train/Tiger Man, é outra que com certeza é inesquecível, sempre foi meu medley favorito, afinal Elvis mistura duas canções pelas quais tem afeto desde a SUN Records, reza a lenda que ele chegou a gravar Tiger Man na SUN se o registro existe já é outra história o fato é que esta no palco funcionava muito bem, com um Elvis Selvagem, se movimentando ao som da bateria de Tutt, e quando esta foi tocada toda a potencia da banda pode ser sentida , enquanto tudo isto acontecia eu ficava ali fascinando não acreditando no que estava acontecendo bem na minha frente.
What Now My Love, My Way, I’ll Remember You,  American Trilogy, todas estas foram executadas com muita precisão fazem parte da apresentação mitológica Aloha From Hawaii onde na minha opinião, o rei coroou seu mito de vez, The Wonder Of You, com o seu inconfundível Play It James, Sweet Caroline sempre um das favoritas, afinal Elvis canta este clássico como ninguém superando inclusive o seu autor o genial Neil Diamond, Sweet Sweet Spirit, cantada por Bill Baize e Ed Hill, seguida de How Great Thou Art servem como momento de reflexão, o passeio musical proporcionado por Elvis Presley com gospel, country, rock, pop, blues, vai chegando ao fim e com Can’t Help Falling In Love termina o show histórico, não consigo imaginar melhor tema para encerrar um shows de Elvis Presley, canção, de 1961 do filme Blue Hawaii ele avisa antes do inicio de onde ela vem, sempre será a melhor canção romântica já escrita e sempre encerrou os shows dele com maestria e precisão, e desta vez não foi diferente, e logo após o Closin Vamp chega, e tudo acaba, cumprido o papel Elvis In Concert realmente traz toda a atmosfera de um show de Elvis Presley sendo que com a tecnologia até melhor do que na sua época, e como ele se foi em 1977 ano em que eu nem era nascido, penso que não existe forma melhor de ter aproveitado tudo isto do que esta, afinal o rei continua vivo, através de sua música alguém ainda tem duvidas disto???
Texto Daniel Tessari

Um comentário:

  1. Adorei o texto!
    Realmente deve ter sido um show de marcar a vida de qualquer um.
    Abraços Danitel e Baratta :)

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